23 de jun. de 2009

Avaliação da Honda XRE 300

De uma tacada só, a Honda tirou dois modelos de produção — a Tornado e a NX4 Falcon, de 400 cm³ — e introduziu um novo conceito. A palavra da moda é adventure, ou aventura, que está em qualquer novo produto, de bicicletas a carros urbanos, de escova de dentes a cartão de crédito. Parece que o mundo descobriu o marketing da aventura, embora essas empresas raramente invistam nos eventos relacionados de fato à aventura.

O que inicialmente chama a atenção na XRE 300 é o desenho, que reflete a tendência de “urbano-aventureiro-quase-fora-de-estrada-pero-no-mucho”... É mais ou menos como um chuchu: é legume, verdura ou fruto? Uma moto com aro dianteiro de 21 pol é fora-de-estrada, mas o para-lama rente ao pneu é de moto urbana. O guidão largo com barra de reforço é de fora-de-estrada; o farol fixo ao quadro é de urbana. O banco é largo como em uma Falcon, mas o curso das suspensões está mais para a Tornado. Em suma, é um novo produto que mistura os dois segmentos e o resultado é uma moto pequena, versátil e... deliciosa!

Na avaliação, a XRE pareceu bem mais interessante que a CB, porque montado em uma moto de caráter mais versátil o motor de 291,6 cm³ mostrou-se mais esperto. Apesar de pilotada apenas no asfalto, a XRE revelou-se muito mais divertida que a CB. Para começar, ela tem freio traseiro a disco — pode-se abusar do direito de derrapar e fazer as curvas no estilo motard. Delícia pura! O motor ganhou 12% em potência (de 23,3 cv para 26,1 cv a 7.500 rpm) e 16% em torque (de 2,42 m.kgf para 2,81 m.kgf a 6.000 rpm) em relação ao da Tornado. Como resultado, ficou muito esperto em retomada e saída de curva. Quem torce o nariz diante de um duplo comando com quatro válvulas, pela tradicional falta de resposta em baixa rotação, pode se preparar: a injeção eletrônica deu outra pegada ao motor. É só cutucar e ele responde.

A posição de pilotagem foi levemente alterada em relação à Tornado. Ficou mais baixa e não existe mais a regulagem de altura da suspensão traseira, mas o banco mais largo exige manter as pernas mais abertas, o que se reflete em dificuldade para os mais baixos. Questão de costume. Não há mais os pesos nas extremidades do guidão. A balança da suspensão traseira continua de alumínio.

O painel ficou mais simples e ganhou um conta-giros digital de difícil visualização. Conta-giros nesse tipo de moto, que dificilmente é levada a altas rotações, não faz falta de verdade, mas sempre há quem reclame se ele não existe. Para acabar com mais uma choradeira, a daqueles que reclamavam da mangueira de freio passando pela frente do painel, a mangueira mudou e ficou enrolada na altura da bengala esquerda — mas agora pode enroscar em algum galho no fora-de-estrada de verdade. Nessas horas, quando uma fábrica se curva às pesquisas de mercado, surge alguma preocupação porque maioria nunca foi sinal de sabedoria.

Ótimo o bagageiro, com capacidade para 7 kg — mais do que muita moto maior. Também foram aprovadas a capa protetora do escapamento e, sobretudo, o novo farol com lâmpada de 60/55 watts, que deve acabar com o sufoco das viagens noturnas de Tornado. O desenho ficou bem atual e bonito. Alguns comparam com a Suzuki DR 650/800 Big, a primeira a usar o duplo para-lama dianteiro, mas talvez esteja mais parecida com a BMW F 650/800. E já começaram as piadas, como os que chamam de mosquito da dengue...

A opção por um estilo mais estradeiro, urbano, fez com que a XRE se afastasse da CRF 230, a fora-de-estrada de média cilindrada da Honda. Estranha foi a opção pelos mesmos pneus da Tornado, muito eficientes no fora-de-estrada, em diferentes situações (areia, terra, lama), mas um tanto barulhentos no asfalto. Uma especificação mais para asfalto seria mais coerente com o estilo da moto. De qualquer forma, pode-se esperar uma versão motard, como a XTZ 250 X da Yamaha, porque o estilo da XRE está sob medida para essa concepção. Se isso não acontecer, será para preservar a CB 300 R.

A XRE chega só em agosto às concessionárias, nas cores preta, vermelha e amarela metálica. O preço sugerido de R$ 12.890 (Estado de São Paulo), mais frete e seguro, a deixa 20% mais cara que a Tornado (R$ 10.737) e não muito longe da Falcon (R$ 13.881), mas é preciso lembrar que nenhuma destas poderia ser vendida hoje sem melhorias para reduzir as emissões, que teriam impacto no preço. A concorrente direta da Yamaha, a XTZ 250 Lander, é pouco mais barata: R$ 12.331.

Fonte: Best Cars Web Site

Vídeo institucional da Honda XRE 300

Vídeo institucional apresentado no evento de Indaiatuba no dia 01/06/2009 sobre a Honda XRE 300: